Meridianos & Paralelos
Um blog de notícias alinhavadas quase sempre à margem das notícias alinhadas
quarta-feira, agosto 25, 2004
Na «OCIDENTAL PRAIA LUSITANA»...
«As nuvens cinzentas do Manel»Posted by Ana M.C.
Estava este senhor hibernado no seu sono de reabilitação, após o desastre da votação obtida na primeira vez que levou o seu novíssimo partido à consignação do voto nas urnas, quando o troar das sirenes de uma embarcação ao largo o despertou. Pôs-se de pé num salto, levou as mãos em pala aos olhos piscos do dormente torpor do sono e fixou o horizonte negro. O contraluz baralhou-lhe a percepção e no lugar do pequeno barco viu um sombrio casco de navio-fantasma. Depois pareceu-lhe ver vultos fêmeos a bordo. Lembrou-se das histórias de medo e terror que contam as gentes em terra que nunca viram o mar de perto. Lendárias histórias por confirmar, mas em que acreditava piamente mesmo assim, avisado que estava do desassossego que acontece aos que se aventuram a questionar demasiado o desconhecido. Ele sabia!... ouvira contar!...Contar de como a corrente traz consigo pérfidas e sinistras criaturas de mares distantes, amaldiçoadas criaturas disfarçadas pelo belo que o feminino tem o dom de emprestar à forma, figuras aparentemente inofensivas, feitas para iludir e consigo arrastar ao fundo a bonança das marés. Firmou o olho apavorado e pareceu-lhe ver vultos fêmeos a bordo. Ao pânico do navio somou-se a visão de uma tripulação feita de mulheres e correu à praça pública. Em correria tropeçada, lá chegou ao largo do coreto entre os primeiros. Subiu para um banco enferrujado ao canto, encheu o peito de ar e de um só fôlego rugiu qualquer coisa que ficava entre o alerta e a fúria. Afinou pelo desafio, por cima do coro a que se juntou. Para bem da nação, veio clamar que se impedisse a entrada do Grande Navio Negro e das Mulheres-Fantasma nas lusitanas àguas azuis da pátria. Veio exigir ao ex-amigo, ex-parceiro ideológico, ex-colega de partido, actual inimigo público e pessoal, actual rival político, e, por acaso e coincidência dos infortúnios do nosso destino, actual Ministro da Defesa e (mais recentemente) do Mar também, que faça o que entende pertencer à sua área de competência: defender o «Mar Português».
«Os submarinos do Paulinho» Posted by Ana M.C.
Recostado na sua cadeira estofada de almirante sem patente, mas olho de rapina sempre vigilante, o ex-amigo do senhor que afinava a voz em desafio, lá para as bandas do coreto, acendeu mais um charuto de alívio: ainda bem que desatara os cordões á bolsa para comprar os submarinos da polémica! Em último caso, enviaria os seus tubarões de ferro contra o Barco das Mulheres-Onda para guardar as franjas do «Mar Português»
«As ondas das Mulheres da Praia»Posted by Ana M.C.
Na praia, as Mulheres em Terra permaneciam de olhos postos em cima da superfície, aguardando com a inabalável convicção das longas e antigas esperas, a maré que havia de desembarcar as outras que um dia chegariam, vindas do mar.